segunda-feira, 27 de agosto de 2012


Parte VI

- Eu tinha certeza que iria te encontrar aqui! - Mari conhecia bem aquela voz.
- Desculpa Clarice, precisava pensar...
- Pensar no que Mari?
- Acho que não devo ir a esse baile... Sei que o Jean estará lá e bom, ele nem ao menos respondeu minha mensagem.
- Mari, lembra do que o Alan te disse? - Clarice sentou ao lado da amiga. - Levanta a cabeça e vamos sim. Quem sabe, é nesse baile que as coisas vão se acertar.
- Não me dê esperanças Cla...
- Não estou dando esperança, estou apenas dizendo que as coisas mudam o tempo todo e ficar em casa chorando não vai resolver nada. - O celular de Clarice começou a tocar. 
- Oi Alan! Já encontrei ela... Uhum... Sim, sim. Ela está bem... Ok chero, até mais tarde. - Clarice desligou o telefone e viu Mari com um olhar perdido.
- O que mais está passando nessa cabecinha oca Mariane?
- A gente viveu tantos momentos aqui nesse lugar... Esse banco... A gente sempre sentava aqui e ficávamos falando do futuro, dos medos e dando risadas. Essa praça era nosso lugar sabe Clarice - Ela fechou os olhos e sorriu. - Eu venho aqui todos os dias, só para poder sorrir. Me traz paz, sei lá...
- Ah minha querida, guarde tudo o que você viveu de bom. Guarde com carinho e tenha paciência. As coisas vão se ajeitar. - Clarice abraçou a amiga e as duas deixaram lágrimas escorrer. - Agora chega de chorar! Vamos que o Alan está preocupado e eu ainda tenho que te arrumar para hoje a noite.
- Ai, ai vocês dois! Vamos então. - As duas sairam dali e foram para a casa de Mari. Alan já estava no portão esperando as duas impaciente.
- MARIANE,  QUANDO VOCÊ SUMIR OUTRA VEZ, EU JURO QUE VOU TE SOCAR!
- ALAN, vamos comer! - Todos riram da cara que a garota fez e entraram para comer alguma coisa.
- Clarice, você deveria abrir uma barraquinha dessas coisas naturais! Sério, esse teu sanduíche... fica... muito... bom!- Alan falava a cada mordida.
- E você deveria fazer aulas de boa educação e saber que não se fala de boca cheia.
- Vocês dois podem parar de se alfinetar?! - Mariane tinha sempre que impedir ou os dois começavam uma discussão. Era engraçado, por mais que rolassem esses atritos, era tudo na brincadeira.
- Ok, ok. Agora vai tomar banho que eu vou pegar as coisas de maquiagem no carro. - Clarice tinha um tom autoritário as vezes.
- Tudo bem mãe, você que manda. - Mariane fez um "sentido" e subiu para seu quarto tomar banho. Sentia a água cair sobre sua pele, como se estivesse fazendo carinho. Fechava os olhos e vários flashbacks passavam em sua mente.

"- A conta de luz e água vai vir alta esse mês...
- Quieto Jean, preciso do meu banho de beleza!
- Mas já é o terceiro hoje!
- Que culpa eu tenho se você me sujou de chocolate?
- Faz bem para a pele... - Jean fez cara de malicioso e mordeu o lábio inferior. Mariane abriu a porta do box e jogou água nele.
- Ah, sua... sua... - Ele procurava o que falar.
- Sua...? - Agora era Mariane que sorria maliciosamente, provocando o garoto para ter uma resposta.
- Sua linda! - Ele entrou no box de roupa e tudo e os dois começaram um longo beijo. As mãos de Jean passavam sobre as costas da garota e iam descendo devagar..."

- MARIANE! MORREU NO CHUVEIRO? - Clarice bateu na porta e fez a garota abrir os olhos e despertar para a realidade, deixando de lado sua linda lembrança. Desligou o chuveiro, e respirou fundo. Uma sensação estranha rondava sua mente, ela só não sabia definir se era boa ou ruim. Saiu do banheiro e deu de cara com a amiga.
- Se você fosse uma noiva, o noivo já teria desistido.
- Nem demorei tanto assim Cla.
- Capaz, só 40 minutos! - Clarice sabia ser irônica sempre.
- Vai fazer a maquiagem ou não?
- E eu dou bolo em alguém?! - As duas riram e Clarice começou a arrumar amiga. Algum tempo depois, ela estava pronta. Um friozinho na barriga, a sensação estranha ainda rondando, mas ela não iria deixar de ir. Clarice estava certa, ela precisava levantar a cabeça porque tudo muda o tempo todo, e ela tinha que seguir seu coração.

"Que é Deus, que te faz entender toda poesia
Que torna mais valiosa a vida
E prova que ainda dá pra ser feliz
Apenas atenda quem chama
E peça que nesta noite Ele te toque
E cure todas suas feridas
E vele o sono e espere acordar
Amanhã será um novo dia"
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Dudes, história quase chegando no fim. Muito abrigada pelos comentários e emails! Qualquer coisa, twitter @souza_juu

terça-feira, 14 de agosto de 2012


Parte V

- Mas porque você está assim triste?
- Porque eu não gostei da forma como as coisas acabaram...
- Mari, tem tanta coisa nessa vida que ainda está por vir que a gente não vai gostar.
- Eu sei Alan, mas realmente me incomoda o fato de esbarrar nele a qualquer momento e sei la... Travar eu acho.
- Te entendo... Mas você também não procurou ele, você também tem culpa nisso.
- Obrigada por fazer eu me sentir melhor...
- Sou seu amigo, e amigos são sinceros... - Mari deu um meio sorriso.
Era sexta e ela, Alan e Clarice tinham ido a um barzinho para conversar. Muitas lembranças da infância, muitas risadas e muitas coisas novas também, afinal eles ficaram separados por um bom tempo.
- Alan, além da Cla claro, você é a única pessoa em quem confio para pedir conselhos... O que eu devo fazer?
- Seguir seu coração.
- E se eu fracassar?
- O que você entende por fracassar?
- Ele não querer falar comigo... - Ela abaixou a cabeça e algumas memórias vieram a sua mente e junto com elas, uma pequena lágrima.
- Hey, hey... - Ele secou a lágrima que escorreu pela face da garota. - Se isso acontecer, você sabe o que significa e só provará que seu valor é muito maior.
Mari lembrou que sempre que ela estava brincando e se machucava, era Alan que cuidava de seus arranhões. Agora, o machucado não era externo, mas mesmo assim sangrava e era ele que estava ali cuidando novamente.
- Bom, está entregue senhorita. - Alan fez sinal de reverência.
- Obrigada por me acompanhar.
- Sempre que precisar. Teu coração saberá o que fazer, confio em você. - Mari deu um abraço apertado no amigo e os dois se despediram. Em seu quarto, ela abriu a janela e sentiu a brisa fazer carinho em seu rosto. Fechou os olhos por alguns segundos e escutou seu coração.

"Oi. Sei que ja faz muito tempo, mas agora que as coisas estão mais calmas eu gostaria de conversar com você... Será que podemos marcar? Isso se você quiser, claro. Abraços."
Escreveu a mensagem, leu e re-leu várias vezes. Respirou fundo e apertou "enviar".


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Dudes! Obrigada pelos comentários e pelo carinho de vocês! Espero que estejam curtindo.
Um beijo,

Jú. @souza_juu

quinta-feira, 2 de agosto de 2012


Parte IV

"E ele estava tão lindo..."
Toc toc toc.
"E seus olhares se cruzaram pela primeira vez depois de tanto tempo..."
Toc toc toc.
"E..."
TOC TOC TOC.

- Mari, abre! - Batidas, malditas batidas. Era sábado! Ela queria dormir um pouco mais... E continuar seu sonho também.
- Mariane, como sua amiga ordeno que abra essa porta agora! - Mari ainda estava sonolenta, mas ja reconheceu quem era. Devagar, ela foi até a porta e destrancou.
- Bom dia querida amiga!
- É sábado Clarice, será que posso dormir até mais tarde pelo menos hoje?
- Você acorda com um humor radiante sabia?
- Eu acordaria com um humor radiante se fosse 10h da manhã nesse momento, e são... 7:30???? Você quer morrer né Cla?
- Isso, 7:30! Arrume-se, tome café e nós vamos as compras.
- O que?
- É, compras! O baile é semana que vem e você precisa de um vestido novo. - Mariane se jogou na cama e se enrolou nas cobertas novamente.
- Não vou no baile.
- Vai sim!
- Não vou!
- Vai sim, porque não quero ir sozinha e é a formatura da sua amiga.
- Clarice, não vou ao baile.
- Se eu fosse tua colega eu diria "ok". Mas como eu sou tua amiga eu vou abrir essas cortinas, puxar teus cobertores e te espero lá na cozinha com um café bem quentinho.
- Você não se atreveria... - Em minutos, Clarice abriu as cortinas e puxou o cobertor da amiga que ficou brigando por ele.
- Grrrr! Você é uma peste Clarice Alves!
- E você continua radiante com seu humor. Te espero na cozinha. - A contra gosto, a garota levantou da cama e pela primeira vez parou para se olhar na frente do espelho. Seu cabelo precisava de um corte, sua pele estava sem brilho, seu peso havia diminuído muito. Ela estava horrível.
Depois do café, as duas amigas seguiram para o shopping. Engraçado, era que, por mais que ela tivesse acordado de péssimo humor, ela estava se sentindo bem agora.
- Cla, se eu vou nesse baile... Não posso ir assim...
- Assim como? De calça jeans?
- Ai Clarice, as vezes você é lerda demais. Assim, com esse cabelo, com essas unhas, com essa pele!
- E você acha que te trouxe aqui só para comprar vestido? Parece até que você não me conhece. - Mari realmente tinha esquecido o quanto a amiga era detalhista.
- Ok, começamos por onde?
- Cabelo, com certeza. Ele esta terrível!
- Não precisa ser tão sincera. - E as duas riram. Fazia muito tempo que Mari não fazia isso. Comprar, sair para se arrumar, se cuidar. O tempo passou e ela esqueceu de cuidar de si mesma. Só estava pensando nos erros, nas mágoas, na dor, que esqueceu de procurar melhorar, de procurar a felicidade de novo nas pequenas coisas. Isso fez um sorriso brotar em seu rosto.
Duas horas se passaram desde que as duas amigas estavam ali. Cabelo, unha, depilação e literalmente um guarda roupa novo.
- Putz, preciso ir no banheiro!
- Ai Clarice, sua maria mijona! Não faz meia hora que você foi, mas vai lá. Enquanto isso vou comprar um milk shake.
- Ok, te encontro ali depois. - Mari estava feliz. Depois de tanto tempo, ela conseguiu sorrir com sinceridade. Tinha adorado passar a manhã mudando o guarda roupa, se cuidando. Desde todos os incidentes, ela tinha se largado, se esquecido. Mas viu que as coisas não deveriam ser assim. Algo ainda a incomodava, mas acreditava que com o tempo as coisas se resolveriam.
- Oi.. Por favor, eu quero um milk shake médio de morango. - Era seu sabor favorito. E foi quando uma sensação esquisita tomou seu coração.
- Pelo jeito morango continua sendo seu favorito... - Essa voz... Ela conhecia essa voz. E virando-se, ela viu a unica pessoa que não esperava encontrar mais na cidade.
- Alan???
- sou inesquecível, eu sei. - O garoto falou tirando onda com Mari.
- Meu Deus, quanto tempo moleque! Por onde você anda?
- Então, depois que sai da cidade perdi contato com quase todo mundo, inclusive com você. Morar fora do país não é muito fácil.
- Eu imagino... Mas email, carta, telefone? Você foi embora há 3 anos e eu te mandei vários emails. No início, você respondeu, mas depois sumiu... - Mari ficou triste, lembrando de como as coisas tinham acontecido. Alan era seu melhor amigo desde a infância. Terminaram o ensino médio e o garoto foi morar fora do país com seus pais. Prometeram continuar se falando, nunca acabar com a amizade que tinham desde pequenos, mas ele parou de respondê-la um mês depois que foi embora.
- Poisé, muitas coisas me impediram de entrar em contato Mari. Terei tempo para te contar tudo.
- Você vai voltar a morar aqui na cidade?
- Não. Vou morar na cidade vizinha, já que meu trabalho é lá. Mas meus pais voltaram para cá, vou estar sempre por aqui agora.
- Poxa, que legal! - Antes mesmo de Mari iniciar outra frase, Clarice apareceu.
- Menino! - A alegria de Clarice era notável. Por ser um pouco mais velha, Clarice que acompanhou tudo o que aconteceu na vida dos dois. As famílias eram muito amigas, e ela era como se fosse uma grande conselheira dos amigos.
- Clarice, que saudade de você!
- Saudade nada... Você sumiu! - Clarice fez cara de desdém e Mari olhou assustada, se esquecendo o quanto a amiga era sincera.
- Não quer dizer que não estava com saudade...
- Se tivesse com saudade você nos procuraria.
- Gente, sem brigas. - Mari precisou interromper ou a discussão ia durar uns minutos e os três se olharam e deram risadas.
- Tudo bem. Ai, temos tanta coisa para conversar! Mas agora não da tempo, tenho que ir pra casa cuidar da Noah.
- Noah? - Alan não lembrava de ninguém com esse nome.
- Annnn, longa história Alan. Mas você vai adorá-la! Ela é linda! - Clarice sempre sorria quando lembrava da filha.
- Er, tudo bem então. Nos encontramos amanhã a noite?
- Sim, nosso endereço é o mesmo. Passa para me pegar que a Mari vai estar lá em casa.
- Tudo bem então. - Os três amigos se despediram com um longo abraço. Indo para casa, Mari e Clarice foram conversando sobre a infância dos três e as muitas e muitas coisas que aprontaram. Mari desceu do carro e foi para o seu quarto. Colocou as sacolas no chão e olhou ao redor. E depois de tanto tempo, ela mesma abriu as cortinas, sentindo a luz do sol tocar sua face. E aquela sensação de esperança que ela tanto queria, voltou a reinar em seu coração. Esperança de perdão, esperança de sorrir, esperança de amadurecer, a simples esperança de viver incondicionalmente.

Entregue-se hoje, viva! Cative as pessoas ao seu redor, para que elas voltem e façam parte do seu jardim. Não deixe de lado quem sempre esteve te apoiando. Não troque pessoas eternas por compromissos rápidos e duvidosos. Não seja duro de coração. Não planeje os passos. Seja mais leve, deixe o vento levar, deixa que os caminhos se cruzam. Deus escreve as coisas e deixa-as acontecer no momento correto. Apenas tenha fé. Fé!


Hey leitores! Capítulo longo, eu sei, eu sei! Mas precisava que fosse assim. Espero que estejam gostando, de coração.

Abraços,